Rachel de Queiroz se consagrou como um dos grandes nomes na narrativa longa brasileira a partir da publicação do romance O Quinze, em 1930. A antologia de textos curtos A casa do Morro Branco, no entanto, vem provar que a autora também dominava perfeitamente a arte dos contos e crônicas. São 14 histórias na qual a autora expõe todas as características que marcaram obras renomadas como João Miguel, Caminho de pedras, As três Marias e Memorial de Maria Moura análises literárias da existência humana, em seus aspectos políticos e pessoais. É um relançamento que dá continuidade ao resgate pela Editora José Olympio da obra de Rachel e de outros autores. Só conheço o lugar de vista. Como disse, tem um morro não um grande morro alto, desses que mais parecem montanhas de verdade e, pensando bem, são realmente montanhas, escreve a autora na crônica que dá nome ao livro. O de lá era antes uma colina, ou isso que nós no Nordeste chamamos de alto, ou cabeço. Mas por morro ficou, tanto que a fazenda era conhecida por Morro Branco sendo o branco devido ao calcário rasgado nos caminhos e que, visto de longe, chegava a dar a ilusão de neve. A casa caiada, cercada de alpendres, é tão antiga que certa gente pretende que ela vem dos tempos do Anhangera. Naquela terra, tudo que é antigo, botam logo por conta do Anhangera e então, no caso do Morro Branco, como o Anhangera levava o nome de diabo e a casa tem fama de mal-assombrada, juntaram uma coisa com a outra. O jornalista e escritor José Nêumanne afirma que a contista Rachel de Queiroz é contundente como o quê, sutil e cortante qual gume de faca para picar fumo nas feiras livres do interior do Ceará. Ela descreve a vida sem disfarce, sem dourar a pílula, com a impressionante frieza de um assassino profissional. ... A prosa curta da romancista é escorreita e crua, sem subterfúgios nem tergiversações adjetivos são dispensados sem cerimônia, prevalecendo a força dos substantivos comuns, enfileirados com argúcia e sensibilidade.