O que a Esfinge ensina a Édipo de Juliana de Moraes Monteiro, originalmente sua tese de doutorado, vem agora a público como livro. Publicação merecida, combinando rigor acadêmico com uma escrita fluente. Partindo de suas leituras de Giorgio Agamben e Jacques Lacan, a autora toma a arte contemporânea como questão. Nada nela parece estável, sobram inquietação e desamparo. O que fazer diante de uma experiência que pode assumir toda e qualquer materialidade? Desde pelo menos A Fonte 1917, de Marcel Duchamp, a lida com a arte se dá no embate entre tudo ser possível e o susto do encontro poético. É um embate, jamais uma passagem do não-saber para o saber. Esse embate percorre a escrita deste livro e o diálogo fértil nele construído entre filosofia, psicanálise e arte. Tomar Duchamp como ponto de partida para o contemporâneo pode trazer problemas no que tange os parâmetros da história da arte, mas é totalmente legítimo para se pensar uma prática artística descolada dos domínios disciplina