Depois de mais de uma década abordando o universo das comidas como pauta
multidisciplinar através de textos jornalísticos, Constance Escobar encontrou na crônica
um canal para, a pretexto de falar sobre comida, colocar uma lupa sobre a vida - não a
vida que reside nos grandes acontecimentos registrados em cartório, mas a que habita os
pequenos contentamentos que nos salvam todos os dias.
Em um mundo onde parece só haver restado espaço para viver urgências; onde muitos
intelectuais, por conta disso, vêm decretando o fim da crônica, a autora encontra
justamente no gênero o necessário alívio para, ao dialogar com miudezas, não perder de
vista o que há de mais íntimo em nós. Com a desculpa de reviver prazeres corriqueiros,
relatar descobertas saboreadas em diferentes culturas e surpresas diante de situações
inusitadas, a cronista fala mesmo é sobre vivências e afetos. O que poderia ser mais
urgente do que isso?